O dia 13 de Setembro marcou o inicio do ano lectivo do Tesourinho.
O meu menino estava cheio de saudades de escola e já não aguentava de ansiedade para voltar à escola… rever as professoras, as auxiliares e… os coleguinhas (claro).
De manhã teve de vir para o meu trabalho e passou o tempo todo “em pulgas”. Só dizia: “Mamã escola”.
Cada vez que alguém perguntava pela escola, o rapaz fazia o ar mais infeliz do mundo a olhar para mim, como quem diz: “Ela não me deixa ir. Eu quero, mas ela não deixa…”
Finalmente hora do almoço. Fomos almoçar e às 14 horas, conforme marcado pelo Agrupamento, lá estávamos na escola para a apresentação.
Entrámos todos para a sala (encarregados de educação e alunos). A professora falou com todos os meninos e, um a um, distribuiu beijinhos e comentários especiais.
Pouco depois uma auxiliar veio buscar os meninos para fazer actividades e nós, encarregados de educação, ficámos na sala a ouvir o que havia para dizer em relação ao novo ano lectivo, que agora começa.
Depois de todos os avisos, papéis preenchidos e comentários de relevo era altura de escolher um representante dos encarregados de educação (ou melhor dois: um efectivo e um suplente). Este ano a honra calhou-me a mim.
No final da reunião sobrou algum desanimo…
No ano passado, o Bruno era um dos meninos (com N.E.E.) privilegiados do nosso país. Tinha a professora de ensino especial 12 horas por semana em sala (para ele e um menino com paralisia cerebral). No restante período lectivo, o acompanhamento destes dois meninos era feito por uma auxiliar que o agrupamento optou por colocar na sala e tudo foi correndo bem.
Ontem, fui confrontada com o facto de a professora de ensino especial passar a estar apenas 5 horas, por semana, na sala (para os dois meninos), o que fazendo as contas dá 2h30m por semana para o Bruninho. Foi-me também comunicado que, este ano lectivo, o Agrupamento não vai disponibilizar auxiliar para fazer acompanhamento aos meninos.
Assim, a DREL não disponibiliza auxiliar para o Bruno porque ele é autónomo, também não disponibiliza para o menino com paralisia cerebral, sabe-se lá porquê (ele não é autónomo). O Agrupamento, apesar de ter ao serviço mais uma auxiliar (que esteve de baixa quase todo o ano lectivo transacto) diz que este ano não disponibiliza ninguém para acompanhar os meninos. Ainda por cima, e como se já não bastasse tantas alterações a nível de apoio, penso que lá para Novembro, a professora titular da turma vai estar de licença de parto (com todo o direito).
Vai ser colocada uma nova professora... sabe-se lá quando... e, com isto tudo, não vai haver ninguém a quem o Bruno esteja "habituado" e que seja referência, para o ajudar a fazer a transição de professoras. Fico com muito receio que fiquem comprometidas as reais potencialidades do meu menino, sobre quem, ainda na semana passada me foi dito (no Centro de Desenvolvimento Infantil - Diferenças, onde fez uma avaliação de "Pré-Requisitos") que não comum um menino com trissomia 21, com o 1º ano concluído, ter uma avaliação tão boa.
Parece-me a mim que alguma falta de vontade (do Agrupamento… do Ministério da Educação… ou de quem for…) pode fazer uma criança evoluir menos do que as suas reais potencialidades.
No entanto, quem me conhece, sabe que sou capaz de mover montanhas pelo meu Tesourinho. Por isso, tenciono fazer de tudo o que estiver ao meu alcance para que o meu doce de menino chegue o mais longe que conseguir chegar.
Estou eu para aqui a desabafar e nem vos conto que, no final da reunião, tive de pedir para irem buscar o Bruninho.
Ele não queria sair da escola. Afinal as saudades são mesmo muitas.
Agora já estamos a 100% no activo e o rapaz feliz da vida.