quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A minha mãe fez anos no dia 8 de Outubro

Olá malta!
A minha mãe fez anos logo a seguir a mim, por isso, não teve a festa bonita que eu tive, mas teve direito a um bolo muito especial.
Lembram-se que já vos mostrei como se faz o bolo de caneca?
Pois é, o bolo de aniversário da mãe foi um bolo de caneca.

A mãe estava bem disposta.

Beijinhos
O Tesourinho

sábado, 13 de outubro de 2012

6 anos de AMOR



Fez, dia 12, 6 anos.
6 anos de dedicação
6 anos de mimos
6 anos de partilhas
6 anos de crescimento
6 anos de felicidade

E, acima de tudo....
6 anos de MUITO AMOR

AMO muito a minha mamã!


Beijinhos
O Tesourinho

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O meu aniversário

Olá malta!
Ainda não vos deixei umas fotografias do meu aniversário.
A mãe e a Kika fizeram uma decoração muito gira no meu quarto e compraram as garrafas das bebidas e os copos numa loja muito especial.
Digo isto, porque as garrafas e os copos tinham o tema da festa e a minha foto...
Querem saber o tema da festa? Foi o "Como treinar o seu dragão" que eu gosto muito.
Estive sempre muito feliz. Diverti-me muito.
Deixo-vos fotos para vocês puderem espreitar.
























Beijinhos
O Tesourinho

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A minha mãe deu mais uma entrevista

Olá malta,
A minha mãe deu uma entrevista para o blog "Proud to be a Woman".
Aqui fica a transcrição (espero que gostem):


Maria João é uma mulher determinada, com o sonho de ser mãe. Decidiu fazê-lo sozinha, optando por adotar uma criança. Conheceu o Bruno, um menino que, na altura, tinha 3 anos de idade e Trissomia 21. Foi amor à primeira vista! Foi um caminho difícil de percorrer, mas hoje é feliz ao lado do seu “Tesourinho”.
A Maria João fez uma opção, para muitas pessoas, duplamente complicada: ser mãe solteira e adotar uma criança com deficiência. O que a fez tomar estas opções?
O que me teria levado a querer um filho adoptado e com deficiência? Acho que nunca vou ter a certeza absoluta… mas se começarmos pela minha infância, a minha professora da primária teve uma menina com Trissomia 21. Teria eu na altura uns 8 ou 9 anos. E, muito sinceramente, para mim a filha da D. Maria José era uma bebé linda. Na época, eu não consegui perceber qual era a tão grande diferença desta bebé.
Por esta altura, comecei-me a aperceber que estes meninos, um bocadinho diferentes, eram muitas vezes rejeitados… escondidos… tratados, em alguns casos, como verdadeiros seres irracionais.
Durante a minha adolescência, talvez por volta dos 16 anos, comecei a amadurecer a ideia de que queria um filho adoptado, com a particularidade de que teria de ser uma criança que ninguém quisesse.
Quando iniciei o processo de adopção do meu Tesourinho, optei por, na primeira entrevista que me foi feita no serviço de adopções da segurança social, sublinhar que aceitaria uma criança com Trissomia 21 e que a etnia me era totalmente indiferente.

Certamente se deparou com bastantes contrariedades ao longo deste processo. Onde arranjou forças para enfrentar todos os obstáculos?
Ao longo de todo o processo de adoção do Bruno surgiram, sem dúvida, muitas contrariedades, que foram sempre sendo superadas com um sorriso capaz de iluminar a mais escura das noites.
Este sorriso é o do meu menino, de olhos em forma de amêndoa e pele cor de chocolate, a quem tenho o privilégio de chamar FILHO.
Também pude, ao longo de todo o processo, e desde o primeiro minuto até hoje, contar com o apoio incondicional daquela que me deu o melhor concelho que eu podia receber na fase de decisão de adotar ou não um menino com Trissomia 21 – “Uma criança com Trissomia 21” pode evoluir ou pode ser um bebé para sempre. Imagina que o menino nunca vai evoluir, que vai ser um bebé para toda a vida. Serias capaz de lidar com isso? Se sim, vai em frente. Dou-te todo o meu apoio”. A Sandra, que é a madrinha do meu “doce de chocolate”, tem estado sempre presente e tem dado uma grande ajuda no desenvolvimento do menino.
E também em mim… também em mim arranjei forças. Sou uma mulher obstinada, determinada e que sabe bem o que quer. Não tenho medo de lutar pelo que acho melhor para mim. Também não tenho medo de dar o braço a torcer ou pedir desculpa quando erro, mas neste caso, o melhor para mim, foi decidir ter o meu filho comigo e lutar por ele com todas as forças que tenho.
Como foi que conheceu o Bruno, “O Tesourinho”? Sentiu logo que era a escolha acertada?
A fase de avaliação do meu processo de adoção foi idêntica à de qualquer outro candidato à adoção, com a particularidade de, no meu caso, se tratar de uma adopção singular.
Cerca de um ano depois de ter iniciado o meu processo de adopção, recebi um telefonema da SS dizendo que me queriam apresentar o processo de um menino com Síndrome de Down.
No dia 26 de Setembro de 2006 lá fui eu conhecer o processo do menino que me propunham, com a esperança que este pudesse vir a ser o meu filho.
No dia seguinte procurei saber o que a família pensava desta situação. Afinal de contas, estava a trazer para a família uma criança com uma deficiência e, para dizer a verdade, não sabia como iriam reagir.
A reacção da família foi, definitivamente, a primeira grande contrariedade e, a determinada altura, eu não sabia se ia ter apoio na minha decisão. Foi uma semana muito difícil. Muitas lágrimas foram derramadas, mas também foi uma semana de grande crescimento interior.
Face a esta reacção da família, pedi para ver o menino antes de dar a minha resposta final, cuja decisão, nesta altura, já tinha praticamente tomada.
Foi agendada, reunião com a responsável pela Casa de Monsanto, da Ajuda de Berço, para as 17h00m do dia 4 de Outubro, de forma a que eu pudesse ver o menino. Fui informada que não iria ser possível interagir com o menino.
Nesse dia, tive de esperar pela chegada dele. Quando chegou foi, acompanhado por um amiguinho maior, para a sala dos brinquedos. Nesta altura tive a pior imagem que alguma vez poderia ter do meu filho, eu vi um deficiente profundo (coisa que, tinha deixado bem claro no meu processo, não iria aceitar), mas não me fez a “confusão” que eu achava que a ideia de ter um filho deficiente profundo me faria, até porque também vi o “bebé” mais lindo que já alguma vez tinha visto. Sim, é verdade, eu apaixonei-me pelo meu filhote no primeiro segundo que o vi.
Quando o vi percebi, de imediato, que eu e ele estávamos destinados um ao outro e que ainda íamos ser muito felizes os dois.
Restava saber o que ele pensaria de mim…

Quando decidiu adotar o Bruno, já conhecia todas as especificidades da Trissomia 21? Como se informou e/ou a quem recorreu para ter mais apoio?
Sendo muito sincera, quando decidi adotar o Bruno pouco ou nada sabia sobre Trissomia 21. Apenas o (muito) pouco que tinha acompanhado referente à filha da minha professora da primária.
Depois, e assim que me ligaram da S.S. a dizer que me queriam apresentar o processo de uma criança com Trissomia 21, comecei a fazer pesquisas na internet, onde se encontra muita informação útil, mas também muita informação que não serve para nada, apenas para desmotivar…
Entretanto, já com o meu Tesourinho nos braços, e a sentir-me a pessoa mais feliz do mundo, fomos à nossa primeira sessão conjunta no Centro de Desenvolvimento Infantil – Diferenças. Aqui obtive sempre todo o apoio e esclarecimento de dúvidas que precisei. A Dra. Luísa Cotrim tem sido, ao longo destes 6 anos, “a chave” para melhor lidar com as dificuldades que por vezes surgem na forma como motivar o menino para chegar às tão desejadas aquisições.
A adaptação do Bruno à nova família foi fácil? O que fez para facilitar este processo?
Em relação a mim, a adaptação do Bruno não podia ter corrido melhor. Eu continuo a afirmar que o Bruno me adotou no primeiro segundo.
Em relação à madrinha não foi tão fácil. Ao início ele foi muito arisco. Acho que ele teve medo que ela lhe roubasse o que agora tinha ganho…
O resto da família… Houve fases menos fáceis, é verdade… Tudo na vida tem altos e baixos, e há que saber seguir em frente.
Mas, em relação à adaptação, o Bruno não precisou da minha ajuda. Ele tem uma excelente intuição e sabe como “conquistar” as pessoas.
Há uma passagem da nossa vida que eu acho uma delícia. Logo no primeiro dia que veio para casa, fomos jantar a casa dos meus pais. Eu queria que a família o conhecesse o quanto antes. O Bruno nunca tinha visto fotos dos meus pais, nem os meus pais dele.
Chegámos ao prédio onde moram os meus pais e, no meio de várias pessoas, íamos nós a subir a escada (o Tesourinho no meu colo) e o meu pai a descer. Antes que fosse dita alguma palavra, o menino “saltou” para o colo do avô. Foi o inicio da conquista do avô.

O Bruno tem necessidades especiais em termos de aprendizagens. Que tipo de atividades faz com ele para incentivar o seu desenvolvimento?
O Bruno tem uma vida extremamente ativa. Nunca se colocou a hipótese de ele deixar de ser acompanhado no Centro de Desenvolvimento Infantil – Diferenças, onde é acompanhado em psicologia educacional e terapia da fala. Para além disso, ele tem a natação que o ajuda entre outras coisas, por exemplo, na coordenação motora.
Depois não deixo de ir a museus, exposições, oceanários, jardins zoológicos, … enfim, todos os sítios que, de uma forma ou de outra, estimulem a sua curiosidade natural e o ajudem a evoluir.
Também me parece muito importante que o Bruno seja o mais autónomo possível. Por isso, sempre que tenho conhecimento de workshops de actividades que possam ser uma mais-valia para o seu desenvolvimento (cognitivo e motor), participamos. Nem que a actividade seja “apenas” fazer uma vela.
Desde que lançou o livro “O Tesourinho, uma nova vida”, sente que as pessoas têm mais curiosidade em relação à sua história? Que tipo de questões e que lhe colocam?
Ainda não me colocaram questões sobre o livro. No entanto, os comentários que tenho recebido têm sido muito positivos.
 Quais foram os principais objetivos deste livro?
Primeiro, deixem-me dizer de que forma este livro surgiu. Não temos (eu e a Sandra) pretensões a chegar a Prémio Nobel da Literatura…
Tudo começou, quase que naturalmente. Isto é, começámos por criar um blog, onde íamos escrevendo as aventuras do nosso pequeno herói.
Certo dia percebemos que o blog já tinha alguns seguidores assíduos e que até ajudava algumas pessoas a melhor lidarem com a sua nova vida: “nasceu-me um bebé com Trissomia 21, e agora? O que faço?”. Nesta altura decidimos criar o site e canal de vídeos do youtube.
A certa altura diz-me a Sandra em tom de brincadeira: “já temos blog, já temos site e canal de vídeos. E porque não um livro?”.
Nunca imaginaria ela que eu ia levar as suas palavras tão a sério. Até porque, uma coisa que noto, é que uma forma de nos ajudarmos mutuamente (pais de crianças com Trissomia 21) é falarmos da forma como lidámos com esta ou aquela situação. E, se calhar, o lançamento do livro até seria uma mais-valia.
Depois, não nos podemos esquecer, nos dias que correm, do perigo que é expor uma criança da forma como o meu Tesourinho é exposto. E face a isto, devo dizer que não foi apenas para ajudar outros pais que o livro foi editado.
As principais motivações para a edição deste livro são:
1. O meu filho tem direito a um futuro integrado na “nossa” sociedade e na qual se sinta realizado;
2.  As pessoas (nós – comuns mortais) têm que entender de uma vez por todas que as pessoas com Trissomia 21 têm capacidades e não podem ser tratados como “coitadinhos”;
3.  Ajudar a que o meu Tesourinho, outras crianças, adolescentes, jovens adultos e adultos com Trissomia 21 tenham mais oportunidades no futuro e que sejam vistos como pessoas capazes e úteis para a sociedade.
4. Mostrar à sociedade que adoptar uma criança deficiente também pode ser uma mais-valia, porque conseguem de nós o que de melhor há no ser humano.
Assim sendo, o objectivo do lançamento do livro resume-se à minha necessidade de, por um lado, mostrar a este pequeno rectângulo, que é o nosso País, que o meu filho e todos os filhos de alguém que, por acaso nasceram com Trissomia 21, têm direito a andar, de cabeça erguida neste mundo e a sentirem-se membros úteis da sociedade.
Por outro lado, penso que há que olhar para além do nosso umbigo e perceber que estes meninos não podem (ou não devem) ser eternizados em instituições.

A Sandra, madrinha do Bruno, é uma constante da vossa vida. Em que medida é que este madrinha interage na vossa família e na educação do Tesourinho?
Sim, a Sandra, é uma madrinha excelente. Acho que o Bruno não podia ter melhor.
A Sandra foi quem mais me apoiou no processo de adoção do Bruno, foi quem esteve sempre presente e a dar uma palavra de apoio a cada lágrima que insistia em cair dos meus olhos…
Apesar de um início de relação atribulada, hoje em dia, os dois são os melhores amigos. E, por exemplo, os trabalhos que a professora manda para casa são sempre feitos com a Kika (forma carinhosa de o Tesourinho tratar a sua madrinha).
Ela tem consciência da forma que eu pretendo educar o Bruno e tenta não se desviar dos valores que vou tentando incutir-lhe (até porque ela também tem valores semelhantes).
A Sandra tem procurado sempre acompanhar o Bruno nas suas actividades e traquinices. Ela é realmente apaixonada pelo menino e tem sido uma grande ajuda na educação e evolução do meu filhote.

“Proud to be a woman” é o nome e slogan deste blogue. A Maria João, é, sem dúvida, um exemplo para todas as mulheres, um motivo para termos orgulho na nossa condição feminina. Para todas as pessoas que têm um filho com deficiência ou que desejam adotar uma criança, o que gostaria de lhes dizer?
Gostaria de lhes dizer que,
ter um filho com deficiência não é o fim do mundo, mas sim o início de uma nova forma ver o mundo.
Gostaria de lhes dizer: não, não é fácil, mas por cada luta nossa em prol da felicidade de um filho com deficiência, recebemos tanto em troca… estes meninos têm uma enorme capacidade de dar amor, sem esperar nada em troca.
Em relação às pessoas que desejam adotar, gostaria de dizer que, quando estão a preencher os documentos com as características da criança a quem pretendem chamar filho, procurem nos vossos corações se teriam a capacidade para ter um filho com deficiência. Se chegarem à conclusão que sim, avancem! Estes meninos dão tanto em troca…


Beijinhos
O Tesourinho