terça-feira, 15 de julho de 2008

Desabafo sobre inclusão e educadoras

Cada vez mais penso que não temos de colocar questão nas escolas inclusivas para os nossos meninos com Trissomia 21. Penso que, na generalidade, vai sendo desenvolvida a inclusão nas escolas públicas (pelo menos onde conheço).
O que penso que vai faltando é formação e senso comum a muitos educadores…
No início do ano lectivo foi um stress porque a educadora da sala do Tesourinho estava de baixa… Finalmente foi colocada uma educadora, à qual o Tesourinho se adaptou (e eu também).
Em Março a educadora da sala regressou e começámos logo muito mal. Num dos primeiros dias dela, a dita senhora, liga-me e diz-me: “Sabe, é a primeira vez que tenho um mongolóide na sala. Eu vou trabalhando com os outros meninos da sala e quando consigo um bocadinho tento trabalhar com o Bruno. Até porque o Bruno precisa de ficar no mundo dele”.
Quem me conhece sabe tudo o que me passou pela cabeça e o que eu cheguei a dizer…
Mas não é por isso que agora escrevo.
Esta “senhora”, ao fim de três meses e pouco, cansou-se de “aturar meninos” e voltou a meter baixa…
Voltaram os problemas… O que fazia com o Tesourinho? Onde o deixava?
Finalmente, duas semanas depois foi colocada outra educadora…
Mais uma batalha, mas pelo menos o menino estava de volta à escola…
No dia 8 de Julho, a educadora da sala regressou depois da baixa, para estar dois dias com os meninos… E fazer a avaliação…
Ontem fui à escola para a reunião de avaliação da educadora da sala (que felizmente nada tem a ver com a avaliação da educadora de apoio e a do Diferenças) …
Nesta avaliação, o Bruno praticamente não tem itens adquiridos. Está quase tudo não adquirido. Inclusive, o menino diz bastante perceptível o meu nome, e de forma menos perceptível, mas completo, o nome dele.
Ambos estes itens foram considerados não adquiridos.
Depois itens que todos sabemos que o Tesourinho tem emergentes, como saltar ao pé-coxinho (ele ainda cambaleia muito e tem necessidade de por o outro pé no chão), a “senhora educadora” considerou adquirido…
Será que os educadores não sentem a menor necessidade de conhecer os meninos que têm na sala?
Serve-me apenas de “algum consolo” o facto de não ter sido só ao meu menino que a avaliação foi mal feita.
Esta avaliação também foi mal feita a um menino hiperactivo da sala do Bruno.
Felizmente, na escola do Tesourinho há uma educadora que vem do ensino especial. Em princípio, no próximo ano lectivo, o menino passará a frequentar a sala desta educadora…

1 comentário:

Anónimo disse...

Joni, após ter lido o comentário não posso deixar de ficar chocada com a expressão da professora ao dizer 'nunca tive um menino mongolóide'.. Será o Tesourinho alguma 'coisa estranha'?? Nada disso!!! É das crianças mais amorosas e ternurentas que conheci... Não fosse ele o meu namoado! :) Novo ano escolar, nova professora... Não tardará muito até que ela veja e reconheça o quão especial é a criança que terá na sua sala... Beijos!!!