segunda-feira, 25 de maio de 2009

Fim-de-semana Inesquecível com a Família Reis Morato

Olá malta.
No fim-de-semana passado fui até Peniche com a Mãe e a Kika ter com os nossos amigos Morato.

Eu pedi à minha amiga Sofia, que tem 10 anos, para fazer um resumo do nosso fim-de-semana.
Aqui fica....

"Passei um fim-de-semana inesquecível com a minha família – Pai, Mãe, a mana e a tia Sónia – e a família do Bruno, o meu amigo Tesourinho – Bruno, a Mãe e a Madrinha.
O Bruno; a Maria João (mãe) e a Sandra (madrinha) chegaram na Sexta-feira para passarmos o fim-de-semana todos em família. Sexta-feira acordei contente porque eu sabia que eles vinham. Na escola andava um bocadinho desconcentrada com a excitação. Depois quando a Titi me foi pôr a casa, eu estava muito anciosa porque os esperava à tarde, mas a minha mãe disse-me que só vinham à noite. A primeira vez que a campainha tocou não eram eles, eram as pizzas que a minha mãe tinha encomendado, porque era parte do jantar.
A segunda vez é que eram mesmo eles. Eu e a Sara fizemos uma festa, porque o Bruno ia ficar em nossa casa o fim-de-semana todo. Fomos logo jantar, pizzas e bifes, e muitas sobremesas e depois tanta brincadeira até cair de cansaço na cama.
Sábado, um grande dia porque íamos passá-lo quase todo na Ilha da Berlenga, pois foi oferta dos tios que estão no estrangeiro, que adoram o Bruno e nos mimam muito.
Levantámo-nos muito cedo, pois tínhamos de estar às 10:00 na marina, porque o barco do Júlio, onde fomos – Julius – tinha a viagem marcada para essa hora. Saímos bem cedo de casa para irmos tomar o pequeno-almoço fora e seguirmos de seguida para a marina. A minha mãe teve a ideia fantástica, de arranjar as t-shirts do Pirilampo Mágico 2009 – Dá cor aos sonhos – para todos, e assim fomos todos com as t-shirts iguais e assim foi também uma forma não só de chamar a atenção das pessoas para a campanha do Pirilampo em curso, como para mais facilmente nos localizar-mos uns aos outros na Ilha da Berlenga.
Tomámos o pequeno almoço na “Pérola de Peniche”, foi uma invasão de 8 pessoas pela pastelaria dentro para tomar o pequeno almoço, e como era também o dia da “Caminhada da Solidariedade” em prol do Pirilampo Mágico em Peniche, todas as pessoas pensavam que íamos para a caminhada. Mas de facto, íamos levar o pirilampo a passear e almoçar por terra berlengueira e lembrar a todos a importância de não se esquecerem de outras crianças como eu, que tendo mais dificuldades e deficiência mental precisavam que todos contribuíssem para que pudessem ser tão crianças como eu. A diferença entre mim e essas crianças, é que eu não tenho deficiência e essas crianças têm, mas no fundo somos todas crianças.
Chegámos à marina, descarregamos a “bagagem” que levávamos, o pai e a madrinha deixaram-nos todos ali e foram pôr o carro da madrinha do Bruno à porta de nossa casa, e estacionar o nosso carro junto ao forte. Esperámos ainda um bom bocado que o Sr. Júlio, o comandante do barco, que nos ía levar à ilha. Foram chegando vários senhores conhecidos dos meus pais, e estivemos ali todos em conversa animada.
Por fim, fomos todos para o barco – Julius- , carregaram-se as bagagens de todos, em especial do grupo de conhecidos dos pais que íam simplesmente fazer uma almoçarada na berlenga, pois carregaram sardinhas até mais não.
Quando chegamos a Berlenga esperamos pela lancha para irmos visitar as grutas, mas apanhamos uma carga de chuva. Mesmo assim, salpicados pela chuva e pela água do mar, percorremos as grutas todas, que eram lindas, o fundo do mar apesar do tempo menos bom era uma imagem maravilhosa, até peixinhos vimos. No interior de uma das grutas estavam dois ninhos de corvos marinhos com filhotes. Nunca tinha visto tão de perto, que lindo. O que me entristeceu, foi ver nalgumas grutas o lixo que as pessoas deixavam, como algumas garrafas de plástico, maços de tabaco, porque a ilha da Berlenga é de facto um paraíso tão natural e selvagem que o lixo que as pessoas deixam só estraga a ilha.
Depois fomos almoçar uma Caldeirada de Peixe no restaurante Mar e Sol. Eu estava contrariada por comer peixe, pois queria um bitoque e os meus pais obrigaram-me a comer a caldeirada, que apesar de tudo estava uma delícia.
Entretanto tivemos de ficar na esplanada do restaurante resguardados da forte chuva que caía e que nos impedia de desfrutar e explorar as delícias da ilha, que para mim, para a minha mana e para a família do Bruno era um mistério, mas que para os meus pais e tia era já conhecido.
Esperamos pelas 16:30 para regressarmos a Peniche, mas brincámos, cantámos, pintámos a “macaca” naquela esplanada, onde todos de uma forma ou de outra partilharam connosco de bons momentos. A minha mãe e a mãe do bruno, estiveram a falar sobre a Trissomia 21 e a deficiência em geral, porque o filho do Sr. Júlio, que faz parte da equipa do Julius, comentou com elas, o facto de regularmente fazerem o transporte de crianças com Trissomia 21 para a ilha. Então este foi mais um momento em que as nossas mães aproveitaram para esclarecer as pessoas quanto a estes assuntos e assim ajudarem a eliminar más ideias sobre estas crianças.
Entretanto, fomo-nos embora para Peniche. No regresso fomos na proa do barco, a minha irmã e o Bruno tinham os casacos das mães vestidos, porque estava muito vento e ainda pingava e eles tinham de ficar mais protegidos do vento, até porque depressa adormeceram até Peniche. Não fomos dentro da cabine do barco, porque com os estômagos cheios do almocinho e o ar abafado, iríamos enjoar de certeza e assim fomos todos lá fora com o vento limpar-nos a face, e nem a kika – madrinha do Bruno – enjoou. Quando estávamos quase a chegar ao cais em Peniche eu fui na ponta da proa com a minha tia. Eu adorei a viagem!
Foi muito fixe! Saímos do barco um pouco doridos, muito despenteados, cansados e gelados, mas acordámos em ir à geladaria Faggi ao pé da marina, comer uma waffle com chocolate quente para aquecermos. Comemos, a tia Sónia foi buscar o carro, encaixámo-nos os 8 dentro do nosso carro e fomos para casa. Lá a mãe encomendou os frangos para o jantar, fomos a banhos, mas o cansaço era tão grande, que as mães vestiram-nos os pijamas, foram buscar o jantar, jantámos, deliciámo-nos com as sobremesas e fomos brincar. Mas o cansaço era tão grande, que depressa nos rendemos ao encanto de um delicioso sono. Ou seja fomos dormir!
No Domingo, os meus pais, a mãe, a madrinha do Bruno e o Bruno foram comprar pão para o pequeno almoço. Eu dormia, a minha mana acordou e ficou na cama com a minha tia Sónia.
Eles chegaram, tomámos um belo pequeno-almoço, eu e a minha irmã fomos, com a ajuda da minha tia Sónia, vestirmo-nos enquanto os meus pais preparavam o almoço e deixavam tudo organizado para podermos sair. Ainda tivemos a surpresa da visita da minha avó Lita que adorou conhecer o Bruno, e distribuiu beijinhos a mim, à mana e ao Bruno.
Fomos todos passear até ao parque infantil junto à Nigel, onde andámos de baloiço, escorrega, divertimo-nos muito. A determinada altura pusemos as nossas mães a andar de baloiço connosco, a mãe do bruno foi para o escorrega, tiraram-nos imensas fotos. Pulámos e brincámos até mais não. Depois fomos até à nossa praia, uma prainha muito gira, entre muitas que Peniche tem. Um das muitas prainhas que é uma reentrância de mar, pequenina, sossegada onde procurámos pedrinhas e conchinhas e só quando a maré começou a empurrar-nos para trás e as barriguitas a dar horas é que fomos embora. Fomos pela marginal sul e norte devagarinho de carro, a tirar fotos e deliciar-nos com a paisagem e o solzito que nos dava já um cheirinho a Verão.
Fomos conhecer zonas como o cabo Carvoeiro, a Papôa, a Praia do Quebrado, passámos no Lidl para comprar dvd’s e cd’s para gravarmos uns ficheiros e programas que a minha mana usa para partilhar com a mãe e madrinha do Bruno para o ajudarem na estimulação.
Por fim regressámos a casa para almoçar, uma bela grelhada mista que o meu pai assou na churrasqueira do nosso terraço, enquanto eu, a Sara e o Bruno brincávamos com os triciclos, jogámos à bola, corremos e estimulamos os estômagos para uma bela refeição.
Depois do almoço, o meu avô presenteou-nos com uma visita surpresa, agarrou-se a nós aos beijinhos e adorou conhecer o Bruno e a família. Acho que ele ficou deliciado mesmo com o Bruno, quem não fica também, ele é um arraso. Depressa o avô ensinou ao Bruno a chamá-lo de avô Zeca. O avô babou. A mana já estava na cama para dormir a sesta, mas a mãe foi buscá-la para estar um pouquinho com o avô. Mas o sono e o cansaço eram tão grandes que a mãe depressa foi lá pô-la outra vez e a Sara caiu logo num sono profundo. Depois a Kika foi pôr o Bruno a dormir a sesta, mas antes ele tentou que o avô fosse dormir com ele, mas não conseguiu.
Aproveitando o momento, o avô sorrateiramente foi-se embora e a Kika foi deitar o Bruno, mas acabou por ficar a dormir com ele. Aliás adormeceu antes dele. Eu fiquei a escrever este texto, com a ajuda da minha mãe, e ambas as mães ficaram a partilhar ficheiros e programas para o Bruno e para a Sara, ficaram a ver fotos e vídeos de ambos para conhecerem melhor o percurso de cada um deles.
A minha mãe mostrou à mãe do Bruno o powerpoint que fez da Sara desde o final da gravidez até ao primeiro ano de vida, para mostrar o percurso evolutivo da mana e salientou sempre, o que me deixou muito feliz, que eu fui e sou uma pessoa muito importante na vida da Sara e que a Sara enriquece a minha vida todos os dias.
Este fim-de-semana foi inesquecível pelas brincadeiras, pelas partidas, pelo convívio entre todos, pela partilha e troca de experiências dos adultos. Também por onde passámos, acho que deixámos uma mensagem e mostrámos que a diferença só existe na cabeça das pessoas adultas. Cada um com a sua limitação ou deficiência, são de facto pessoas que amamos e adoramos estar. Não é a deficiência que faz delas diferente, a diferença está na maneira de pensar das pessoas em especial dos adultos que connosco se cruzaram, porque entre nós crianças, e em especial entre nós os 8 aqui em casa, somos todos iguais, partilhámos um fim de semana repleto de bons momentos para mais tarde e sempre recordar. Imagens e texto que poderão ajudar outros a perceberem que a deficiência só faz a diferença se as pessoas deixarem.
Este fim de semana que a mãe do Bruno vai partilhar com muitos no blog, poderá servir como uma mensagem de que só há diferença se as pessoas deixarem, entre nós não houve e mais uma vez as únicas crianças com deficiência que vimos foi a Sara e o Bruno, que contagiaram todos com o seu encanto e todos juntos conseguimos demonstrar que somos todos diferentes e iguais, sem que as dificuldades de uns possa ser motivo das pessoas olharem de lado e não aceitarem.
A quadra que eu escrevi para um trabalho na escola, que a minha mãe incluiu num dos artigos dela, que estão no portal Ajudas, aplica-se muito bem a este fim de semana e resume a forma como todos convivemos, divertimos e mostrámos a quem esteve connosco:

Cada Um é como É,
Cada qual é como tal,
Se tens uma Diferença,
Todos te devem respeitar como Igual!

Foi mesmo um fim-de-semana inesquecível para TODOS!
Sofia Morato, 24-05-2009 em Peniche"
Beigungos (Tradução: Beijinhos)
O Tesourinho

4 comentários:

Angel disse...

Boas noites.

Que Fim-de-semana mais delicioso e divertido teve o Tesourinho :).
É bom ver e saber que existe pessoas como voçês que mostram ao mundo todo esse amor e encanto dessas crianças.
Foi um texto muito bem feito pela Sofia.

Beijinhos

Sandra Morato disse...

Borrachos,
Que Fim de Semana absolutamente pleno, e o video e o texto não o podiam resumir melhor, mas fica ainda muito aquém do que vivemos e partilhámos todos juntos. Foi fenomenal. Das 1.500 fotos tiradas por todos a selecção ficou excelente, e dá vontade de organizar outro assim. Não está esquecido! A Sara sempre que passa na marina quer ir para o barco, não se esqueceu mais. E no final do fim de semana o Bruno e a Sara já tinham adquirido mais vocabulário e conceitos. Sabem: Ganhámos todos! A prova viva de que vale a pena pavonearmo-nos com os nossos filhos, e termos orgulho e vaidade neles, eles sim são as Grandes Estrelas, os Grandes Protagonistas destas aventuras, que começam por ser programas familiares e acabam como mensagem de Integração, de União, de Respeito pelas diferenças e limitações de todos, o exemplo que é possível conjugar tudo harmoniosamente se houver valores de referência. Depois o olhar de uma criança sob a forma de resumo escrito, dá a mensagem de esperança, de divulgação turística e mostra o que realmente é absolutamente belo: a Simplicidade e a Naturalidade das coisas, dos lugares, das pessoas, dos momentos e acima de tudo das emoções. Por ser tudo tão espontâneo e verdadeiro é que de facto correu tão bem e foi Inesquecivel.
As crianças, estas nossas estrelas abriram e encerraram o fim de semana com Chave de Ouro e não passa um dia aqui em casa que não se fale em vocês, em especial no Bruno, e o msn serve para matar saudades das brincadeiras. De facto, o Bruno já tem um clube de fãs Incondicional, aqui em casa, aqui em Peniche e do outro lado do Mundo. Não vamos deixar perder e morrer o que se começou no Zoo: Uma linda interação familiar entre duas familias distintas.
Beijinho,
Sandra Morato

Adriana disse...

Olá! Que espectaculo deve ter sido.
Ja vi que adoraram! Com estas imagens de cheias carinho, magia, encanto que estas crianças e esta familia linda e espectacular tÊm.
Uma alegria contagiante....
Parabéns! Como estavam contentes.
Beijo grande ;)

Samantha BAires disse...

Mis felicitaciones a Sofía, por lo que ha escrito, por la maravillosa persona que demuestra que es hoy y será en el futuro.