Este ano lectivo ainda não
falámos de escola aqui no blog. Assim, aqui vai um resumo de como as coisas
estão a correr na escola nova.
Iniciámos o ano lectivo com o
Tesourinho um bocadinho apreensivo por ir para uma escola nova e conhecer novos
amigos. Mas, logo no dia da apresentação, e enquanto eu preenchia uma série de papéis,
ele começou a fazer amigos na turminha dele.
Com o passar dos dias, via o meu
Tesourinho extremamente feliz com a sua escola nova e via o vocabulário dele a
aumentar e a melhorar a forma como articulava as palavras. Por esta altura, com
quase um mês de aulas via-se que o Bruninho trabalhava na escola e que estava
feliz com isso.
Cerca de um mês depois do início
das aulas, tive uma reunião com a professora titular da turma e com a
professora do ensino especial. Nesta reunião deixei bem claro que sabia que o
Bruno tinha lacunas na aprendizagem e pedi que trabalhassem com o menino
essencialmente conteúdos de final de 1º ano e de 2º ano.
O Bruno ainda é muito novinho e
tem tempo. Pode ficar retido mais uma ano no 3º ano, que não lhe vai fazer mal,
antes pelo contrário.
Nesta reunião também ficou bem
claro que, nesta fase, sou completamente contra um CEI para o Bruno, pelo facto
de achar que o mesmo é muito limitativo para o futuro dele e por achar que lhe
devo dar todas as possibilidades possíveis para demonstrar o que é capaz de
fazer.
As duas professoras concordaram
em ter esta abordagem e demos por terminada a reunião. Mas como a Dra. Luísa
Cotrim não tinha conseguido ir a esta reunião, marcámos uma reunião para cerca
de duas semanas depois.
Nesta reunião, pensava eu que se
iam tratar de questões práticas, como sejam as melhores estratégias para ajudar
o Bruno a atingir os objectivos, tendo como base as lacunas que ele tem a nível
de aquisições de 1º e 2º anos.
Erro meu: depois de um grande
discurso, e para meu espanto, a professora de ensino especial vem com uma
conversa de que tinha estado a falar com a coordenadora do ensino especial e
que me pedia muita desculpa, mas que ia propor um CEI para o Bruno. Disse-me
também que sabia que eu era contra e que estaria no direito de contestar esta
medida para a DREL.
Nesta reunião foi ainda definido
que a professora titular da turma determinariam que objectivos o Bruno iria
trabalhar e que tipo de materiais precisava, para a Dra. Luísa dar o seu
contributo na elaboração dos mesmos. Nesta fase ainda, para mim ou para a Dra.
Luísa, se punha a questão de passar a ser aplicada a medida pedagógica CEI ao
Bruno, até porque a Dra. Luísa Cotrim sempre soube que eu sou completamente
contra o CEI nesta fase.
Estávamos a chegar a Dezembro e
eu a notar que o meu Tesourinho ouvia cada vez pior. Numa das consultas no
otorrino foi decidido que o melhor para ele seria colocar tubinhos definitivos.
E lá partimos nós para mais uma decisão difícil…. De qualquer forma, esta já
era uma segunda opinião em relação à colocação de tubinhos definitivos.
Uns dias depois, ainda antes das férias
de Natal, fui a mais uma reunião na escola. Tinha que assinar o PEI do Bruno. Comecei
a ler e vi que aquele PEI já tinha a indicação de aplicar a medida educativa
CEI ao Bruno.
Fiquei bastante chateada com duas
questões:
- Tentaram enganar-me para assinar o CEI, ou seja, tentaram dizer-me que aquilo era só uma proposta que eu deveria assinar e, depois, se não concordasse deveria então enviar email para a DREL justificando porque não concordava com a medida. Agora, gostava eu de perceber como é que eu assinava um documento, concordando com o conteúdo e, depois, enviava email para a DREL a dizer que afinal já não concordava. Neste documento que me foi apresentado, optei por escrever todas as coisas com que não concordava, assinando todos os meus comentários, sem nunca assinar os espaços para assinatura que estavam no documento. Optei ainda por comentar com a professora titular da turma que sentia que estava a comprar uma guerra e que achava que a professora do ensino especial (que não esteve nesta reunião) iria deixar de fazer o esforço necessário para que o Bruno cumprisse os objectivos que, posteriormente, iríamos determinar.
- A segunda questão que me incomodou bastante foi o facto de a professora de ensino especial não estar presente para me transmitir a proposta desta medida tão restritiva para o Bruno.
Claro que, pouco tempo depois,
fui chamada à sede do agrupamento para ter reunião com: psicóloga da escola; coordenadora
do ensino especial; coordenadora da escola do Bruno; professora titular da
turma e professora do ensino especial.
Nesta reunião tentaram perceber
porque eu não queria esta medida para o Bruno. Voltei a explicar tudo…
incluindo que nas férias do Natal o menino seria operador aos ouvidos e
passaria a tomar rubifen. Estas duas situações deveriam trazer-nos alguns benefícios:
esperava-se que o Tesourinho ficasse por um lado a ouvir melhor e, por outro,
mais atento e concentrado nas actividades propostas pelas professoras.
Todas deixaram bem claro que
consideram que o CEI era a medida adequada para o Bruno, mas que como esse não
era o meu ponto de vista, iriam retroceder e elaborar um PEI, com as adequações
curriculares do 3º ano.
Face a isto, a professora do
ensino especial interveio e, para meu espanto, começa, extremamente nervosa, com uma conversa de que
queira deixar de trabalhar com o Bruno porque a mãe não confia nela nem nas
medidas que ela acha melhores para o menino. Foi-lhe dito pelas representantes do
agrupamento que isso estava fora de questão, a não ser que a mãe quisesse tirar
o Bruno daquele agrupamento (coisa que está, neste momento, fora de questão).
Ficou então agendada uma nova
reunião para o início de Janeiro. Mais uma vez, a Dra. Luísa Cotrim
acompanhou-me à reunião. Começaram por me mostrar os novos objectivos para o
Bruno. Eu e a Dra. Luísa fomos lendo e, uns faziam sentido, outros nem tanto.
Mas ficámos as duas muito espantadas quando a professora do ensino especial
toma a palavra e diz que nós somos “vira-casacas”, porque na reunião antes da
elaboração do CEI tinha ficado decidido que o Bruno iria ter esta medida, que
até a Dra. Luísa iria fazer materiais para o Bruno e que nós agora já não queríamos
nada disso.
Face à grande falta de educação
desta professora, tanto eu como a Dra. Luísa demonstrámos o nosso desagrado,
sendo que a Dra. Luísa inclusivamente manteve a disponibilidade para ajudar na
preparação dos materiais para o Bruno.
Imediatamente depois a
coordenadora do ensino especial arranjou forma de retirar a professora do
ensino especial da sala e ficámos só eu, a Dra. Luísa e a professora titular.
Nesta altura eu deixei bem claro
que, face ao comportamento da professora do ensino especial para connosco (nem
sequer nos falou quando chegámos à escola e depois foi extremamente mal educada),
tinha muito receio que ela deixasse de trabalhar com o Bruno como ele precisa e
merece.
E é assim, nesta altura estamos
com novos objectivos do PEI assinados por mim, à espera de irem a pedagógico,
para depois de tudo assinado me darem uma cópia. Só nessa altura a Dra. Luísa
vai começar a ver como tratamos materiais para o Bruno.
E agora, em jeito de desabafo, só
gostava de saber porquê colocar o Bruno com uma medida tão restritiva como o
CEI, quando ele ainda tem tanto para dar. Ele só tem 9 anos. Ainda tem muito
tempo… Não percebo porque querem o CEI, que oficio lhe vão ensinar com 9 anos? Principalmente
porque toda a gente diz que ele tem evoluído muito desde o inicio do ano
lectivo. Será que o facto de termos explicado os estragos que os últimos dois
anos lectivos fizeram a nível das aquisições do Bruno não serviu de nada?
Enfim! Ando cansada de guerra com
escolas, mas nunca vou deixar de lutar pelo meu docinho de chocolate!
1 comentário:
Olá amiga! Como eu te compreendo...No final do ano lectivo passado também nos foi proposta a alteração do PEI para um CEI para o Tiago. Fiquei em choque e a sentir exactamente o mesmo que tu. Achava que ele tinha muito para dar, sugeri a retenção dele no 3º ano, o qual me aconselharam que não fazia sentido pq era importante o acompanhamento da turma (a nivel de socialização). Estava muito apreensiva, chorei dias seguidos sem saber o que fazer. Até que por fim e depois de nos informarmos bem das alternativas para o Tiago e ter deixado claro que não seria para descuidar a leitura e a escrita e isso ficou tudo escrito no CEI, lá assinámos a alteração. Amiga, eu sei que o Tiago tem 11 anos e não 9, e passou para o 4º ano com CEI e até agora só posso dizer que foi o melhor que fiz. Vejo o meu menino feliz, ele antes dizia que não queria ir para a escola e eu já andava a estranhar. O que é certo é que ele em sala de aula não estava já a acompanhar a maior parte da matéria, causava por isso alguns distúrbios o que depois se tornava dificil também para os colegas aprenderem. Agora passa mais tempo na sala da unidade multideficiência, mas a trabalhar a sério e a desenvolver as suas competências, vais durante um período para a sala de aula acompanhado por uma auxiliar ou uma das professoras para continuar o trabalho em grupo com os colegas. Tem dias de aulas de culinária, dias que vai ajudar no refeitório, à sexta tem cinoterapia, onde vai passear cães na zona da escola (acompanhado). Vamos começar lentamente a deixar que ele ajude uma auxiliar do pré a tomar conta dos meninos mais pequenos, pq ele é mto cuidadoso e carinhoso. Tudo isto são algumas das alternativas para tentarmos perceber onde é que ele se adequa mais e o que é ele gosta mais de fazer, para poder continuar quando for para o 5º ano (ai que meeedddoooo...). Tudo isto para te dizer, que de facto o CEI é mais restritivo, mas é para os preparar melhor para a vida activa. Temos de pensar que nem tudo é mau. É lógico que os profissionais também têm de investir e fazer bem o seu trabalho qd propõem um CEI. No teu caso parece que já estás a começar a ter "guerras" o que não ajuda. Nesse aspecto não me posso queixar...Vejo o Tiago feliz e agostar de ir para a escola e isso é muito importante. Tentem falar na hipótese de mudar para o CEI apenas no 4º ano, antes da transição para o 5º. Talvez faça mais sentido...
Um beijo grande e qualquer coisa que precises, podes contar connosco!
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