domingo, 24 de outubro de 2010

Resumo dos últimos acontecimentos em escola

Já há algum tempo que não passo aqui a contar novidades da escola...
Pois é, a professora A. acabou por ainda estar algum tempo com a turma e, parece-me a mim (que sou muito suspeita), que ela nunca soube lidar com o Tesourinho, nem com o facto de no ano lectivo passado ele ter sido vitima de bullying (será que ela sabia???).
Aparentemente (e opto por acreditar na versão que me foi contada pela coordenadora da escola), todos os dias (quase sempre da parte da tarde) o Tesourinho ia muito agressivo para a sala. A prof. A. tentava (com dialogo) que o menino fosse para o lugar, o menino dizia-lhe que não, ela puxava-o pelo braço para o levar, o Bruno reagia, dando um pontapé à senhora.
Agora pergunto-me: será que nunca ninguém achou estranho que estes comportamentos ocurressem maioritariamente (ou quase exclusivamente) da parte da tarde? Será que nunca ninguém pensou em averiguar o que se tinha passado na hora do almoço, em que os meninos têm meia hora no pátio quase sem supervisão?
Pois é, eu tive muita curiosidade e, um dia desse período em que a prof. A. dava aulas a esta turma, perguntei ao Tesourinho o que se tinha passado na hora do almoço para ele ser mau para a prof. da parte da tarde.
O menino disse-me que andou à briga com os amiguinhos (dizendo o nome dos meninos que eu sei que habitualmente o acompanham). No dia seguinte perguntei a uma auxiliar se tinha tido oportunidade de assistir à briga dos meninos, ao que me foi respondido que sim, mas que não tinha sido uma briga. Os meninos estavam só a fingir que batiam uns nos outros mas que nem se tocavam.
Ora, parece-me a mim muito estranho que estes comportamentos sejam considerados admissiveis em escola. Será que não se deve incentivar os meninos (e meninas) a terem brincadeiras menos agressivas?
Para o Bruninho, estiveram a brigar e, mais grave, com "consentimento" de um adulto. Claro que quando foi para a sala, ia mais nervoso e com muita vontade de fazer só o que lhe apetecia.
Imagino que, quase todos os dias, naquele período em que a vigilância sobre os meninos é mais reduzida, acontecesse algum episódio que deixasse o menino frustrado, dando origem a comportamentos desadequados.
Diga-se que, durante este período de pouco mais de duas semanas, o Bruno apenas trabalhou no período em que teve a prof. de ensino especial em sala de aula. Isto corresponde a 5 horas de trabalho semanal.
Acho que mais grave ainda foi o facto de chegar-mos a um ponto de, só o facto de mencionar o nome da prof. A., o menino ficava a chorar.

Entretanto, no dia 6 de Outubro, após duas semanas com a prof. A. (que correram muito mal), apareceu finalmente o prof. J.C.. Este vem substituir a prof. V. e ficará, em principio, até ao final do ano lectivo.
Ao inicio parecia que tudo ia correndo bem. Logo no primeiro dia, o prof. disse-me que entendia o Bruno, nomeadamente, conseguiu entender que as brincadeiras preferidas do menino são jogar à bola e andar de bicicleta.
Nesse dia questionei-o sobre se costuma mandar deveres para casa, ao que me respondeu que sim.
Lá preparei eu a Kika para fazer deveres com o menino. É que a coisa comigo nem sempre corre bem, acho que ele tem medo de me desapontar e fica ainda mais nervoso com os deveres.
Quando chegaram os primeiros deveres deste prof., fiquei muito surpreendida. Ele madava o menino escrever "Bruno Pereira" e os números até 5.
Será que ele acha que o Tesourinho não tem aquisições de 1º ano???
Claro que o Bruno fez um bocadinho mais do que o prof. mandou: fez os números até 10 e escreveu o nome completo.
Pelo que sei, o Bruno, este ano lectivo, em sala ainda só trabalhou o tempo que a professora de ensino especial está na sala e o tempo em que a escola se lembra de deixar uma auxiliar a acompanhar o Bruninho e o L.
Ao que parece, continua a acontecer o Bruno ir mais agitado da parte da tarde, mas não voltaram a acontecer episódios semelhantes aos que ocorreram com a prof. A.
Falei com o prof. J.C. e já tinha também falado com a coordenadora da escola sobre as minhas suspeitas e preocupações de se estar a passar alguma coisa no período em que há menos vigilância sobre os meninos (hora do almoço), mas não me deram qualquer tipo de "descanso".
Mais grave ainda, na 4ª feira da semana passada, o Bruno apareceu ao pé de mim sem um dente que, para além de não estar a abanar, curiosamente nasceu já eu era Mãe dele. Teria o menino 4 aninhos. Esperava eu que este fosse dos últimos dentes de leite a cair.
Para não dizerem que eu faço queixa para a DREL por tudo e por nada, desta vez dei o beneficio da duvida e após contacto com a coordenadora da escola na 5ª feira de manhã, esperei por 6ª feira à tarde para me dizerem o resultado das averiguações.
Deu em nada: ninguém sabe, ninguém viu. O dente desapareceu por obra e graça do Espirito Santo...
Mais grave, fui eu que tive de ligar para a escola e como a coordenadora da escola não estava, passaram o telefone ao prof. J.C. que, para além de me dizer o resultado das averiguações, me disse que, o Bruno, esbarrou contra a grade (ou o portão ou sei lá o quê) da escola e esfolou o nariz. Disse-me ainda que o menino se queixou que lhe doía a garganta. Realmente, nesse dia - 6ª feira passada - o menino estava muito falador com o prof. ...
Nesta altura estão a perguntar o que tem de grave até agora... Passo a explicar o que aconteceu depois.
Fui buscar o menino há hora de saída. Até aqui tudo normal e, com a confusão de meninos a sair e pais à espera de outros meninos, dei beijinho ao menino e tratei de sair rapidamente dali.
Quando cheguei ao carro, o Tesourinho tinha o lábio pisado e muito inchado. A baba escorria a fio (coisa que eu nunca tinha visto no menino) e ele nem conseguia falar porque não mexia bem o máxilar.
Voltei à escola...
Perguntei à auxiliar se lhe tinham posto gelo na boca, porque este tinha o lábio pisado e a boca inchada. Disseram-me que não, porque o menino se queixava da garganta e não iam por gelo porque fazia pior. Para alem disso, o menino não tinha nada na boca que justificasse por gelo. ninguem tinha assistido a nenhuma queda.
Face à desconfiança sobre o que eu dizia, pedi à Kika que me levasse o menino à escola (ele tinha ficado no carro com ela). Mostrei-lhes o estado da boca do menino, e mesmo assim insistiam que não podia ter acontecido nada porque estavam sempre de olho nele.
Ao fim de um bocadinho de conversa, um menino que estava também ao portão, disse que o Bruno, num dos interválos tinha caído de boca no chão.
A conclusão a que chegámos foi que o menino caiu e (fez o que eu sempre lhe digo) foi a correr contar ao professor, que não percebeu nada...
A dor de garganta que toda a gente achava que o menino tinha, afinal era dor na boca, mas como abria a boca e apontava, achavam que era garganta. A proposito, será que ninguem reparou que ele nem conseguia fechar a boca???
Já me esquecia, o nariz esfolado que o prof. disse ser de raspar na rede, era esfolado de ser assoado, por estar constipado.
Felizmente foi fim de semana e eu pude cuidar do meu Tesourinho. Sexta-feira, mal saímos da escola, pôs logo muito gelo e o "maxilase" que estava a tomar por causa da constipação, foi prolongado por mais dois dias e resolveu também o problema do maxilar e da boca.
Agora o menino está muito melhor da constipação, a boca já só tem uma marquinha e as feridinhas do nariz estão a sarar.
Vamos ver o que a escola tem para me dizer sobre mais este "percalço".
Será que para além de não trabalharem com ele, também não conseguem tomar conta do Tesourinho?

8 comentários:

Maria Osório disse...

Olá amiguinhos!

É muito triste quando leio estas histórias...fico mesmo revoltada!! Acho que estou "mal habituada" pq a prof de ensino especial do Tiago, tem sido uma 2ª mãe para o meu menino e nem imagino o desassossego que é este "ninguém viu", "ninguém sabe"... Dá vontade de meter essa gente toda numa sala e perguntar o que é andam ali a fazer!?!?!?

Amiga o que desejaria muito e não só para o Bruno mas para todos os meninos especiais era que tivessem quem olhasse por eles com muito amor e carinho e se preocupassem, para que os pais possam estar no seu local de trabalho minimamente descansados...

Espero que tudo se resolva rapidamente!

Beijinhos grandes de nós os 4 para vocês 3.

Paulinha disse...

Oh Meu Deus... mas que incompetência, irresponsabilidade... que fúria! Sei que isto não abona nada à causa, nem acalma, mas aqui os problemas são outros, lamentáveis! Concordo com o comentário que li da Marylight (beijinhos querida) e a minha admiração por ti, João, é enorme! Graças a Deus não tenho tido problemas do género com o Dé, mas agora que está no 2º ciclo e mudou de escola... bem, escusado será dizer que só não ando lá colada quando não posso MESMO! Espero que a situação (que se arrasta há demasiado tempo) se resolva o mais depressa e sensatamente possível! Um abraço a ambos!

Samantha BAires disse...

Es lamentable que los adultos de la escuela no pongan límites y encaminen los juegos de los niños. El "recreo" libre debe ser controlado de lejos por los maestros y celadores y deben intervenir para orientarlos a juegos no agresivos entre ellos, donde puedan "liberar" sus energías.
En el caso del golpe en la boca de Bruno, me parece que no lo han revisado bien, ni se han preocupado mucho por ver lo que le dolía y por qué. Muy lamentable.

Espero que podáis recibir respuesta adecuada de parte de maestros, celadores y directivos. Y lo más importante, ¡que presten atención a las necesidades de los niños!

Anónimo disse...

Já pensou em tirar o Bruno dessa escola? Pelo que li no seu blog a escola não é a que acha mais adequada para o seu filho. Porque não o retira?

Unknown disse...

@Marylight;
Acho que o que tu desejas é o que todos os pais de crianças especiais desejam, mas a realidade não é nem aproximada do que desejamos.
Beijo para vocês

@Paulinha;
Parece-me que a vontade não é muita para resolver a situação, mas vamos tentando.
Beijo

@Sam;
La respuesta no abona mucho a favor de mi niño. Es uno más en medio de muchos otros. És una lucha constante pero haremos todo para que Bruno no sufra mucho más.
Besos guapa.

@Anonimo;
A solução não é tirar da escola. O problema está no Orgão de Gestão do Agrupamento de escolas. E o que nos garante que se o mudarmos de escola não volta a acontecer o mesmo? Acho que o problema está nas pessoas e no seu interior.
Se fôr ler o nosso blog para o inicio, verá que já tirámos o Tesourinho de uma escola por circunstancias semelhantes e como podemos ver não adiantou de nada.
Obrigada por comentar. É sempre bom ouvir as opiniões das outras pessoas.

Grilinha disse...

Querida. O principio da educação inclusiva é excelente e não posso concordar mais com ele. Mas há lacunas terríveis que me venho a aperceber. As coisas connosco, por agora estão a correr bem. Mas aquilo que vejo e que receio no futuro, são as coisas como descreves, porque eu própria as vejo nos meninos mais velhos: a falta de exigência, a falta de acompanhamento, o estigma sempre presente...e os problemas de violência fisica e verbal.
Há qq coisa que terá se ser ajustado, senão não estaremos bem.
Mas para isso, temos de falar, lutar...desbravar o caminho. Não há outra maneira. Infelizmente.

Tita Frazão disse...

Olá,
Na minha opinião, os professores na teoria estão mais abertos para receberem estes meninos mas inconscientemente continuam a pensar que tanto faz eles aprenderem ou não, e no que respeita aos intervalos não é problema deles. Geralmente as escolas também estão com problemas económicos e cortam logo nas auxiliares, pelo que os intervalos passaram a ter muito menos vigilância. O Pedro (T21) anda num infantário e foi muito bem recebido pela directora, que segundo as aparências defendia muito a integração destes miúdos. Este ano como estava com problemas de "falta de auxiliares" resolveu que o Pedro não passava de ano para a turma dos "três anos" porque na turma de "transição" tinha mais uma pessoa. Resultado: tive que ter várias reuniões com ela para que ela percebesse que estava a queimar etapas ao Pedro e ela achava que não, porque na realidade ele ainda não "acompanhava" os meninos da idade dele.Enfim e eu confesso que ainda não estava preparada para uma luta destas... Mas aprendi a lição que às vezes até é das pessoas mais "abertas" que vem as oposições mais parvas. enfim... desculpe o desabafo

Joni disse...

Tita
Este cantinho serve também para isso mesmo, alguns desabafos.
Se vou contando as "guerras/batalhas" com a escola do Tesrourinho é para que possamos todos aprender (uns com os outros) e "defendermo-nos" das baixas expectativas que os nossos educadores/professores têm para com os nossos meninos.
Eu acho que nunca pensamos estar preparados para ter de lutar com com os responsáveis das instituições onde colocamos os nossos filhos e onde esperamos que tenham o tratamento que merecem, mas no final, quando fazemos o balanço, vemos que realmente estávamos prepardas para a luta, porque não há quem lute melhor pelos nosso borrachos pequenos que nós.
Muita força para si e beijnho muito grande para o seu Pedro.